Tornou-se lugar comum falar-se em “politicamente correto” sobre quase todas as coisas. O “politicamente correto” passou a ser medida para rotular condutas, pessoas e posições individuais diante da vida e da sociedade. Se tais coisas não se amoldarem ao chamado “politicamente correto” são consideradas abomináveis, sem maiores explicações, muito menos no uso do senso crítico.
Essa postura
e simplesmente reflexo da mentalidade pluralista e relativista do homem
contemporâneo, que considera ofensivo todo confronto de ideias, e o que se
prega e que devemos aceitar tudo o que se diz e faz, sem pronunciar qualquer
juízo de valor que seja contrário.
O problema
do discurso “politicamente correto”, são seus pressupostos. Para aderir a essa
ideologia, e preciso necessariamente acreditar no todo que ela representa,
abraçando uma ética flácida e situacional, sem convicções firmes, em nome do
novo conceito de tolerância.
O Rev.
Ricardo Barbosa, citando o sociólogo francês Gilles Lipovetsky, em seu livro “A
sociedade Pós-Moralista”, descreve assim a tolerância na cultura moderna; “A
tolerância adquire uma maior fundamentação social não tanto pelo fortalecimento
da compreensão dos deveres de cada um perante o próximo, mas em razão de uma
nova dimensão cultural que rejeita os grandes projetos coletivos, exaurindo de
sentido o moralismo autoritário, diluindo o conteúdo das discussões
ideológicas, politicas e religiosas de toda a conotação de valor absoluto,
orientando cada vez mais os indivíduos rumo a sua própria meta de realização
pessoal”. Ou seja, a ausência de uma consciência coletiva, a rejeição a
qualquer verdade que seja absoluta e a busca pela realização pessoal geram uma
forma perigosa de tolerância.
Entretanto,
o perigo da rejeição a uma verdade absoluta esta no fato de que ser tolerante
hoje implica, necessariamente, não julgar, não ter mais critérios que separem o
bem do mal, o justo do injusto; e, uma vez que não julgamos mais, (em nome do
politicamente correto) poucas coisas nos chocam ou abalam e, quando o fazem, e
por pouco tempo. O perigo e passar a viver num estado de normalidade de paz
frágil, de tranquilidade tão relativa quanto os valores da sociedade
contemporânea.
A questão
central do assunto, e que, a base da ética e da moral cristã estão ancoradas em
verdades absolutas sobre as quais não se encaixam tal discurso. Aceitar o
confronto e uma virtude que nos ajuda a reconhecer nosso erros, limitações,
faltas e pecados porque ainda somos capazes de perceber que existe algo melhor,
mais belo, mais nobre, mais justo, mais santo. E por isso que o caminho para o crescimento
e amadurecimento passa pela capacidade de sermos confrontados diante de tudo
que compromete a justiça e a santidade.