quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Elucubrações III

Quem pode conhecer o coração do homem?
 Davi disse: “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas” (Sl 19.12).
 Em outras palavras, nunca compreendemos quão profunda é a nossa pecaminosidade. Se o nosso perdão dependesse da plenitude de conhecimento de nossos pecados, todos pereceríamos. Ninguém conhece a extensão de sua pecaminosidade. É mais profunda do que podemos sondar.
 A conclusão é que, não sabemos a extensão nem a profundidade do nosso estado. Porém, a Bíblia tem uma resposta clara e profunda para o estado da alma do pecador.
Em Efésios 2, por duas vezes, nos versículos 1 e 5, Paulo disse que estamos mortos em nossos delitos;
“Ele vos deu vida, estando nós mortos em nossos delitos e pecados” (v. 1);
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”, (v.4-5).
E a solução para tal condição é apresentada no versículo 5:
Deus nos deu vida!
 Jamais experimentaremos a plenitude da grandeza do amor de Deus por nós, se não virmos o seu amor em relação ao estado de morte que estávamos antes. A grandeza do amor de Deus por nós esta demonstrado exatamente nisso:
 Ele nos tornou vivos quando estávamos mortos. Devido ao seu grande amor por nós, Ele nos deu vida.
 É Deus quem sempre toma a iniciativa. A primeira palavra é sempre Dele. Toda religião que tenta estabelecer uma via de mão única do homem em direção a Deus, fracassa. Sempre que acharmos que a primeira palavra, o primeiro gesto, a primeira iniciativa é nossa, perderemos de vista a natureza da graça e do amor de Deus.
 O aposto João afirma que nós o amamos, porque ele tomou a iniciativa de nos amar. O amor de Deus não nasce como uma resposta a algo que tenhamos feito, dito ou imaginado, porque estávamos mortos. Ele não esperou por uma motivação que o despertasse para um sentimento reservado somente para aqueles que fizessem por merecê-lo.
Ele amou primeiro!
 Amar primeiro é o testemunho da graça de Deus, a afirmação de que Deus cria, redimi, perdoa, restaura e salva.
 A verdade é que no começo tínhamos uma boa natureza, depois pecamos e herdamos uma natureza má. Isso é o que somos. Nossa natureza é egoísta, centrada em si mesma – “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.

Pastor Jhônatas Soares.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Elucubrações - II

Ter consciência dos nossos limites, reconhecer que somos seres finitos, é um passo importantíssimo no caminho da valorização de nossa história.
Para aqueles que professam a fé cristã, a esperança esta ancorada na certeza de que, a vida no aqui, e, no agora, não é um fim em si mesma, mas um estado transitório.
Porém no aqui, e, no agora, temos o desafio de descobrir uma vida que vale a pena ser vivida. Alguém disse que a única coisa que se recusa ser sepultado com um homem é a sua história. O nosso pastor, Antônio Dionízio disse certa vez que; “O acumulo de riquezas pode até gerar conflitos familiares na divisão de bens, mas, a construção de um legado trará benefícios a todos os envolvidos”.
Uma vida que vale a pena ser vivida é uma vida que tem o Senhor Jesus como o centro de tudo, o que é um enorme desafio. A terra é, em geral, propriedade dos valentes, dos arrogantes. Há uma necessidade no homem moderno em provar aos outros que são fortes.
Mas do que adianta conquistar a terra sem Deus? Moisés disse; “Se a sua presença não for conosco, não nos faça subir daqui”.
Qual o proveito de conquistar espaços geográficos se não se conquistou ainda o terreno da própria intimidade pessoal com Deus, tranquilidade do coração, ou a segurança gerada pela certeza de uma identidade gerada na intimidade com o Criador.
O Rev. R. B. faz uma leitura sobre a necessidade que temos de um centro orientador, em outras palavras, um propósito pelo qual valha a pena viver. Sobre isso ele diz;
“Necessitamos hoje , mais do que em qualquer outro período da história, de um centro orientador, de um eixo que nos liberte de uma vida manipulada e manipuladora, buscando uma satisfação que logo é interrompida pela desilusão e desapontamento”.
O povo de Israel todas as vezes que se afastava do seu Centro, buscando sentido para a vida indo atrás de outros deuses, construindo altares a Baal em todo monte e debaixo de toda árvore, cedo ou tarde descobriam a enorme frustração e o grande vazio de uma vida entregue aos apelos de outras nações e da moda de outros povos.
Engajar-se numa vida que tem Jesus como centro, implica em caminhar com um propósito, é estabelecer um trono no centro de nossas vidas, e reconhecer que aquele que encontra-se assentado nele não é apenas um personagem dominical, mas, a real razão pela qual se vale a pena viver e morrer – Jesus.
Diante de uma geração obcecada pelo ter, onde o estereótipo é mais valorizado que o estado interior, “SER”, não é o bastante. Porém o desafio é exatamente esse, não ser lembrado somente pelo que você fez, mas por quem você foi.
O Ser esta acima do Ter e do Fazer.
Lembro-me agora de uma pergunta feita por um professor; “Se você não existisse que falta você faria?”.
A tragédia na vida não é a morte. Mas a grande tragédia na vida é uma vida sem propósito. (Myles Munroe).

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Elucubrações - I

Loucura ou Realidade?


Estamos aqui para revelar a justiça do reino de Deus, ou na linguagem mais usada pelos teólogos contemporâneos, “a igreja sinaliza o reino”.

Uma verdade tão clara e necessária deveria estar intrínseca nas nossas mentes, e ser algo que incendiasse o nosso coração, motivando-nos a caminhar nesses trilhos.

A realidade em evidencia não aponta para esse caminho. Até porque, sinalizar o reino é algo completamente oposto a aquilo que o nosso coração deseja, queremos sucesso, reconhecimento pessoal, rejeitamos a ideia de uma fé que seja compatível com o sofrimento, martírio. A avalanche de músicas gospel que apontam um estereótipo religioso superficial e sujo.

Buscamos a qualquer preço o topo da colina, talvez para alimentar a voz egocêntrica do nosso ser, desejo esse que todos nós temos. Não sou hipócrita, todo homem deseja isso, o problema esta em quem alimenta este desejo, e quando isso passa ser o centro das nossas ações, a mola motora da razão da nossa existência.

O caminho de volta para Deus, é um caminho de auto aniquilação, sujeição ao seu senhorio, reordenação dos nossos desejos, sentimentos e vontade.

Fico com uma fala de Gregório;
O grande problema é quando desprezamos a adversidade e supervalorizamos o sucesso.
Relativize a adversidade e temam o sucesso.
O sucesso é o problema.
Pr. Jhônatas Soares.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O ministro e o habito da leitura



Tão importante quanto à dedicação à leitura, são as razões que me levam a dedicar-me a essa sublime e prazerosa tarefa.
 Confesso que tenho notado um interesse mais agudo na leitura da bíblia e de literaturas diversas por boa parte dos pregadores modernos, e para não entrar nos corredores sombrios do pessimismo, considero isso um avanço, porém a crise ainda é uma realidade, estamos vendo um empobrecimento nos púlpitos.
 O problema em questão, esta nas minhas motivações, ler o texto sacro para extrair sermões não é atitude de alguém que valoriza mais a sua transformação interior. Pregadores que preparam a cabeça, mas não o coração. Bem afirmou o Rev. John Stott;
 “A pratica da pregação jamais pode ser divorciada da pessoa do pregador”.
 A leitura tem que desafiar a mim mesmo, antes de desafiar a outros, envolve um processo de humildade, pois preciso reconhecer a necessidade que tenho de rever meus conceitos, valores, etc. É bem conhecido o que disse Stanley Jones:
“O maior inimigo do cristianismo não é o anticristianismo, mas o subcristianismo”.
 Um ministro indisposto a viver essa transformação representa um perigo maior para a igreja do que falsos profetas e falsas filosofias.
Fé pregada deve ser fé vivida.
Termino com uma citação do Rev. H.D.L. de E. M. Bounds:
“O homem, o homem por inteiro está atrás do sermão. Pregação não é a atuação de uma hora. Pelo contrário, é o produto de uma vida. Levam-se vinte anos para fazer um sermão, porque gastam-se vinte anos para fazer um homem. O verdadeiro sermão é algo vivo”.
O sermão cresce, porque o homem o homem cresce.
O sermão é vigoroso, porque o homem é vigoroso.
O sermão é santo, porque o homem é santo.
O Sermão é cheio da unção divina, porque o homem é cheio da unção divina.
Pr Jhonatas Soares

segunda-feira, 3 de março de 2014

O pregador moderno e a educação teológica



É evidente o crescimento numérico de jovens pregadores em nossas igrejas, e reconheço que faço parte desse grande contingente. Lamentavelmente o crescimento quantitativo não representa crescimento qualitativo.

Das muitas preocupações que tenho com esse espantoso crescimento numérico, classifico um que me causa uma inquietação mais aguda, que é a falta de preparo e as de interesse com a educação teológica.

Com a falta do preparo teológico, há uma crise sem precedentes permeando os nossos púlpitos, sermões estão sendo pregados para atender os interesses da audiência, e os pseudo pregadores alegam que tais mensagens “vieram do trono de deus”, infelizmente concebem uma ideia, e depois buscam respaldo nas escrituras sagradas, usando textos fora dos seus contextos, somente para dar base aos seus argumentos irrefletidos. Fico me perguntando as vezes se o que pregam realmente é o que eles creem.

A maior necessidade que temos hoje é de pregadores que exponham o texto bíblico com excelência e com toda clareza. Que não se deixem levar por arroubos de eloquência ou, façam uso de técnicas de oratória que fazem o público vibrar com a mensagem, mas que ao mesmo tempo lhes retira o ensino, a edificação, a exortação e a consolação que provém quando realmente as Escrituras são expostas em toda sua inteireza.

Pr. Jhônatas Soares.

Ponto Final

Há alguns dias conclui a leitura do belo livro de Rubem Amorese, (Ponto final. A vida cristã como ela é). De tudo que li, achei um texto que me encantou, o titulo do artigo é, “Um email de Deus a igreja do Século 21”.
O autor escreve na primeira pessoa, como um monólogo aberto e intimo de Deus para a sua igreja. Aproveitando que estamos iniciando o ano de 2014, fiz uma adaptação em seu texto, e escrevi no formato de uma oração.
Ficou mais ou menos assim;

Eu quero te amar de forma segura; ser somente seu; ficar o tempo todo contigo e esquecer um pouco os meus compromissos.

Eu quero amar as coisas simples que tu criastes para a minha alegria; conversas, cheiros, sensações que falam de mim.

Eu quero sentir saudades de ti, dos seus lugares, dos seus altares, das suas coisas, da sua gente.

Eu quero ser mais carinhoso, não quero olhar no relógio, quando estivermos juntos, sem dar preferência à liturgia.

Eu quero desligar o meu celular quando tu estiveres falando do seu amor e fazendo planos para mim.

Eu quero ir para cama mais cedo no sábado na expectativa de nosso encontro no domingo, e as festas, filmes, encontros, percam a graça.

Eu quero te levar para as minhas viagens, reuniões, cinema, nas rodinhas de amigos, e que isso não seja coisa só minha.

Eu quero me indignar por ti, ao presenciar algo que o senhor abomine; ver a injustiça, a mentira, a opressão, a pobreza, a vida desregrada, o alcoolismo, as drogas.

Eu não quero mais achar graça em piadas indecentes (que sempre banalizam as coisas boas e santas que o senhor criou, como o sexo, o casamento, a fidelidade), não quero falar palavrões, quero abominar a pornografia, não quero flertar com os incrédulos, não invejar a sua violência, suas mentiras.

Eu quero vasculhar os meus bolsos e encontrar os presentes que o Senhor tem me dado – seus dons – quero usa-los com carinho e orgulho, como se fossem colares e pingentes de valor sentimental.

Eu quero te servir sem precisar de cargos ou funções oficiais – sem esperar outra recompensa que não seja o seu olhar de aprovação.

Ainda sou tão menino! Só sei te chamar de pai, pedir e agradecer coisas – a maioria das quais o Senhor já me deu mais de uma vez, e estão espalhadas em meu quarto de brinquedos.

Essa é a minha oração!

* Texto de Rubem Amorese, adaptado por Jhonatas Soares.

domingo, 2 de março de 2014

Oração


  Um tema tão importante sendo entendido e ou interpretado de forma equivocada. Percebo que, o que era para ser um prazer, alento, suspiro para a alma, se tornou um peso.
 A oração quando praticada pelo cristão moderno, em sua maioria, é vista como uma simples obrigação religiosa, prática de uma simples demonstração externa de piedade.
 E quando passamos a acreditar que a oração é simplesmente um momento de listar de maneira detalhada o que necessitamos a Deus?
  
 Precisamos voltar à ideia de que orar é reservar um tempo de qualidade para desfrutar da presença de Deus, momento de comunhão, estar diante Dele somente para admirá-Lo, adorá-Lo.

 A oração não coloca em Deus o nosso sentido de urgência, de imediato, até por que, como bem disse o Rev. Peterson, “Deus sempre esta fazendo algo antes que eu perceba. A tarefa não é então conseguir que Deus faça algo que eu acho que deve ser feito, mas, discernir o que Deus está realizando, de modo a responder à sua atuação, participando e alegrando nela”.
Pr. Jhônatas Soares.

Falando a minha geração

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